Morreu ontem, aos 77 anos, em Brasília, o baiano Rogério Duarte. Um dos mais influentes nomes da Tropicália, Duarte ficou mundialmente conhecido por seu trabalho como artista gráfico, tendo em seu currículo a criação de capas dos LP’s dos principais nomes do tropicalismo brasileiro, como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Jorge Ben e Gal Costa.
Professor aposentado da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Duarte também ganhou fama no cenário internacional pelo pôster do épico filme “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, do seu amigo Glauber Rocha. Mas, além do brilhantismo de seu trabalho como artista gráfico, Duarte também foi gênio na música e na poesia, como podemos ouvir no incrível “Canções do Divino Mestre”, que surgiu da tradução – feita por ele mesmo – do Bhagavad Gita (livro hindu, escrito originalmente em sânscrito).
O álbum é simplesmente genial e contou com a participação de diversos músicos da Tropicália. Dá uma olhada:
Rogério Duarte | Canções do Divino Mestre
Sobrinho do grande sociólogo Anísio Teixeira, Duarte foi duramente perseguido no período da ditadura. Preso ao lado de seu irmão, Ronaldo Duarte, ele foi assunto nas capas dos principais jornais da época, que pediam a libertação dos “Irmãos Duarte”. Mais tarde, quando o AI-5 foi promulgado, Duarte iniciou a tradução do Bhagavad Gita do sânscrito para o português... O resultado musical disso vocês acabaram de ouvir no link acima. Além disso, o artista também teve seus escritos reunidos no livro "Tropicaos", onde relata inclusive as torturas que sofreu na prisão dos milicos-cabeças-de-bagre. Bom demais, né? Vale a leitura.
RIP mito!