"Iê, iê, de cuca fresca, longe da Babilônia, contigo eu vou", cantam todos, como que entoando um mantra. O clima é de entusiasmo. Já se passa da meia noite e o Jawari encanta a plateia, formada essencialmente por músicos.
O pico, chamado Oficina Rock Bar, fica no extremo norte da Zona Norte de São Paulo, a poucos minutos da cidade de Mairiporã. À noite, que era para ser apenas um ensaio aberto do Jawari, foi repleta de jams, unindo à banda integrantes dos grupos: Agíria, que toca um groove/funk com vocais sagazes de rap; e Chavões, que há mais de 10 anos toca um rapcore pesado.
Essa noite de sábado precedeu outra, na semana seguinte, ainda mais intensa. As bandas receberam a notícia de que o próximo show seria o último do Oficina. Houve algum movimento para tentar salvá-lo, mas sem sucesso. O bar se transformara em um centro cultural da região, mas a galera não tem dinheiro para manter o estabelecimento. A vida é loka mesmo.
Sete dias se passaram e as mesmas bandas, agora completas, tocaram novamente. É interessante perceber como todos os presentes cantam as músicas que nunca rolaram em rádio e nem bombam no YouTube. Sim, amiguinhos, tem muita coisa boa longe do seu acesso, nos cantos da cidade. Quando o Jawari subiu ao palco, suas músicas que falam de amor, de Jah e de alegria cativaram a plateia que cantou com o coração... O fio condutor é Beto Rocha, vocalista e principal compositor que, com um talento fora da curva, toca a todos com sua vibração positiva. Um compositor fantástico que em breve vocês conhecerão melhor.
Logo depois os Chavões subiram no palco do Oficina para apresentar uma nova proposta, misturando rapcore com pick-up. A banda toca há anos e é conhecida por todos da região como um representante nato da música periférica.
Na mesma noite, naquele clima de despedida, Agíria, outra banda da região, subiu no palco. Mais um integrante desta cena, o grupo apresentou seu rap com músicos de banda. As influências do instrumental passam por groove, soul, rock e reggae, enquanto as rimas falam sobre o cotidiano da quebrada e de lutas que travamos com nós mesmos. A sonoridade diferente de tudo chama a atenção.
Um grupo de rap de Guarulhos, chamado Ideias de Periferia, também se apresentou com seu estilo old school, marcado por batidas fortes e uma interpretação pesada.
Por fim, no início da madruga do dia seguinte, uma jam fechou a noite, com direito ao vocal feminino da Dani com seu timbre nostálgico. Que noite zyca, mano.