45 anos de Edi Rock, a voz forte da norte

Neste domingo, 20 de setembro, ele comemora aniversário com muita história pra contar

Como a maioria dos rappers de sua época, sua influência e inspiração vinham dos LP's de música negra norte-americana, além da troca de conhecimentos e parcerias na estação São Bento do metrô paulistano

Edivaldo Pereira Alves, Edi Rock, ou Cocão para os mais íntimos, completa hoje, 20 de setembro, 45 anos de puro rap na veia. O cara apareceu na cena black music no começo da década de 1980, com o seu parceiro DJ KL Jay nos tradicionais bailes, como o Chic Show, que aconteciam na capital paulistana. No fim da década de 1980, conheceu Mano Brown e Ice Blue, dando início ao lendário grupo Racionais MC's - que mudou completamente a história do rap nacional. 

Edi Rock nasceu e cresceu no Jaçanã, um dos bairros mais conhecidos de São Paulo, situado na zona norte da cidade e eternizado por Adoniran Barbosa na música Trem das Onze. Com voz forte, caricata e total paixão em suas letras, o rapper é autor de clássicas como Mágico de Oz, Tempos Difíceis, Negro Drama, Rapaz Comum, entre outras. Ele é, sem dúvidas, um dos mais importantes compositores do rap nacional; em geral, suas composições falam sobre desigualdade social, racismo, violência policial, dentre outros fatos e casos que os paulistanos (e brasileiros) da periferia se identificam. E não tem como ler a frase: “a alma guarda o que a mente tenta esquecer” sem cantarolar o restante da música, não é mesmo? Pois é, essa letra é dele, nêgo. Segura aí:

 

Como a maioria dos rappers de sua época, sua influência e inspiração vinham dos LP's de música negra norte-americana, além da troca de conhecimentos e parcerias na estação São Bento do metrô paulistano - ponto de encontro que revelou outros grandes artistas como DJ Thaíde e DJ Hum - dupla com quem o rapper também fez parceria, se liga:

E, além da sua obra com os Racionais MC's, no fim dos anos 1990, Edi Rock iniciou sua carreira solo e, também, produziu diversos grupos e rappers clássicos do rap nacional. Dentre as faixas que ele lançou na época, no álbum “Rapaz Comum II”, vale a orelhada na fantástica Não seja mais um pilantra, cantada em pareceria com o grupo SNJ (Somos Nós a Justiça). Prestenção na letra:

Fugindo um pouco do rap, Edi Rock compôs a faixa 19 Rebellion com os gringos do Asian Dub Foundation. A música fala sobre conflitos envolvendo a polícia militar de São Paulo e a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) que aconteceram em meados de 2001:

Em 2012, chegou a concorrer no VMB, da MTV, nas categorias "melhor música" e "melhor clipe" com a canção That's My Way, que conta com a participação do Seu Jorge, mas por ironia do destino (ou não) perdeu para Marighella do grupo Racionais MC's, do qual faz parte até hoje.

Já ouviu That's My Way? Saca só:

Agora coloca os fones de ouvido e o capacete que lá vai pedrada, Marighella:

Seu trabalho mais recente, o álbum "Contra Nós Ninguém Será", de 2013, tem várias parcerias monstras, com caras como Falcão, do O Rappa, Alexandre Carlo, do Natiruts, Lakers e Pá, Dexter, Ndee Naldinho, Marina de La Riva, entre outros. Não conhece? Então dá o play em Abrem-se os Caminhos, uma das 23 pedradas do disco que vale a pena ouvir diversas vezes: 

Na canção, A Vida é um Desafio, do álbum “Nada como um dia após o outro dia (2012)”, ele dizia: “é necessário sempre acreditar que o sonho é possível, que o céu é o limite e você, truta, é imbatível”... E a gente concorda com ele.

Por essa e tantas outras frases memoráveis que hoje batemos palmas para esse cara zyca. Ah! E não é só também por mais um ano de vida, mas por carregar todo esse peso da periferia na voz, nas letras, no coração e na alma.

Sucesso, mano!

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