A música se despede de Rémy Kolpa Kopoul, conhecido como RKK, uma das figuras mais importantes do cenário musical europeu e grande divulgador da música brasileira. O pesquisador musical começou no jornalismo em 1973, no jornal de esquerda Libération, e se destacou como apresentador da Radio Nova, onde difundia as últimas tendências eletrônicas e da world music.
Autor de uma crônica musical no Libération, e louco pela música brasileira, RKK acabou se tornando grande amigo de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque e muitos outros, além de João Gilberto, que o escolheu para ser padrinho da sua filha, a também cantora Bebel. Recentemente, Rémy se aproximou dos rappers brasileiros Emicida e Criolo.
RKK foi um dos primeiros a lançar o que ficaria conhecido como world music. "O que a mídia chama de 'world music', toda música popular criada e produzida na África, América Central e do Sul e em outras partes do planeta, nasce de uma colisão: a colisão entre os impulsos pela emancipação, autonomia e identidade dos povos do chamado Terceiro Mundo, por um lado e, por outro, os interesses do Primeiro Mundo em manter seu poder", afirma Gilberto Gil.
Paixão pelo Brasil
A proximidade com os compositores e a paixão pela MPB fez com que RKK organizasse festivais de música brasileira e jazz em Nice, no sul da França, e entre outras agitações, uma viagem com dezenas de franceses para curtir o carnaval de Recife, com direito a almoço na casa de Alceu Valença.
A partir dos anos 90, RKK começou a mixar nas noites parisienses. Sua cultura musical e a riqueza de estilo dos 5 mil discos de sua coleção espalharam sua fama pelo resto da França e pelo mundo; ele animou noitadas inesquecíveis no Brasil, Japão, China, Canadá e Inglaterra.