Gilberto Passos Gil Moreira nos presenteou com célebres obras durante toda sua carreira. Atualmente, faz turnê pelo com o espetáculo “Dois Amigos, Um Século de Música”, junto de ninguém menos que Caetano Veloso, parceiro tropicalista.
Neste ano, celebramos o aniversário de 40 anos de um dos maiores álbuns da música brasileira, produzido por um dos mais importantes artistas que o Brasil já conheceu, o “Refazenda” (1975), de Gilberto Gil.
Se eu fosse você, daria um play aqui ☟ antes de continuar a leitura:
O álbum faz parte da trilogia "Re" (Refazenda (1975), Refavela (1977) e Refestança (1978)). O álbum está recheado de clássicos que marcaram época não só pela qualidade indiscutível das faixas, mas também por marcar uma fase de Gil.
A pretensão do trabalho era voltar às raízes nordestinas, deslocando Gil de um período mais rock’n’roll de sua vida. Uma presença mais que marcante no disco é a do incomparável Dominguinhos, que tem tudo a ver com a história do álbum. "No álbum Refazenda eu já trago a experiência com o violão ovation, com as novas tecnologias e com os novos pedais, pra tocar coisas mais ligadas ao original nordestino" comenta o próprio Gil.
O disco traz faixas como a marcante faixa-título Refazenda, meio nonsense, apesar de ainda dar margem a interpretações... Como, por exemplo, a denúncia sobre a repressão da ditadura implícita no trecho: "Abacateiro, acataremos teu ato...".
Neste álbum também temos o registro da magnífica Lamento Sertanejo, com letra de Gil e uma base instrumental pré-concebida por Dominguinhos, a qual já vinha sendo cantada desde o ano anterior nas apresentações do músico. A faixa possui uma sensibilidade notável e uma absoluta sinceridade em sua composição como um todo.
Outra faixa marcante é Pai e Mãe, música guarnecida com uma letra fazia uma provocação dúbia – que causou grande repercussão - ao dizer: “aprender a beijar outros homens...". Dúbia por que em certos momento a canção cita a afetividade para com os pais.
Em O Rouxinol, Gil apresenta uma parceria com Jorge Mautner que culminou em um maracatu arretado! Vale ressaltar que algumas faixas, Meditação, que fecha o álbum, destoam um pouco da temática do play.
Gil integra uma classe de artistas atemporais, o que significa que revisitar a sua obra sempre nos retrata uma estética muito própria, exprimindo ao mesmo tempo suas angústias (pessoais, políticas, etc. ...) e uma maneira inovadora de evidenciar essas opiniões, tanto musicalmente como textualmente.
Ouçamos mais Gil, caros amigos zyca.