40 anos de “Refazenda”, uma obra singular de Gilberto Gil

O álbum “Refazenda” de Gil completa 40 anos em 2015, uma bela obra que merece os devidos cumprimentos pela data

A pretensão do trabalho era voltar às raízes nordestinas, deslocando Gil de um período mais rock’n’roll de sua vida.

Gilberto Passos Gil Moreira nos presenteou com célebres obras durante toda sua carreira. Atualmente, faz turnê pelo com o espetáculo “Dois Amigos, Um Século de Música”, junto de ninguém menos que Caetano Veloso, parceiro tropicalista.

Neste ano, celebramos o aniversário de 40 anos de um dos maiores álbuns da música brasileira, produzido por um dos mais importantes artistas que o Brasil já conheceu, o “Refazenda” (1975), de Gilberto Gil.

Se eu fosse você, daria um play aqui ☟ antes de continuar a leitura:

O álbum faz parte da trilogia "Re" (Refazenda (1975), Refavela (1977) e Refestança (1978)). O álbum está recheado de clássicos que marcaram época não só pela qualidade indiscutível das faixas, mas também por marcar uma fase de Gil.

A pretensão do trabalho era voltar às raízes nordestinas, deslocando Gil de um período mais rock’n’roll de sua vida. Uma presença mais que marcante no disco é a do incomparável Dominguinhos, que tem tudo a ver com a história do álbum. "No álbum Refazenda eu já trago a experiência com o violão ovation, com as novas tecnologias e com os novos pedais, pra tocar coisas mais ligadas ao original nordestino" comenta o próprio Gil.

O disco traz faixas como a marcante faixa-título Refazenda, meio nonsense, apesar de ainda dar margem a interpretações...  Como, por exemplo, a denúncia sobre a repressão da ditadura implícita no trecho: "Abacateiro, acataremos teu ato...".

Neste álbum também temos o registro da magnífica Lamento Sertanejo, com letra de Gil e uma base instrumental pré-concebida por Dominguinhos, a qual já vinha sendo cantada desde o ano anterior nas apresentações do músico. A faixa possui uma sensibilidade notável e uma absoluta sinceridade em sua composição como um todo.

Outra faixa marcante é Pai e Mãe, música guarnecida com uma letra fazia uma provocação dúbia – que causou grande repercussão - ao dizer: “aprender a beijar outros homens...". Dúbia por que em certos momento a canção cita a afetividade para com os pais.

Em O Rouxinol, Gil apresenta uma parceria com Jorge Mautner que culminou em um maracatu arretado! Vale ressaltar que algumas faixas, Meditação, que fecha o álbum, destoam um pouco da temática do play.

Gil integra uma classe de artistas atemporais, o que significa que revisitar a sua obra sempre nos retrata uma estética muito própria, exprimindo ao mesmo tempo suas angústias (pessoais, políticas, etc. ...) e uma maneira inovadora de evidenciar essas opiniões, tanto musicalmente como textualmente.

Ouçamos mais Gil, caros amigos zyca.

Inscreva-se no Moozyca

Leia também

Já sabe o que ver na Virada Cultural deste fim de semana?

Conheça álbum brasileiro que teria sido precursor do afrobeat

A morte do tom: de Schoenberg a David Bowie

10 álbuns com 10 anos que ainda aparecem no shuffle do meu celular

Primeiro disco de Paulinho da Viola é relançado aos seus 50 anos de carreira

Os Tincoãs: música brasileira de volta à África

Pernambucano Jota Erre lança o seu segundo álbum, Binário

O guitarrista mais rápido do oeste

Inscreva-se no Moozyca