Sem dúvida nenhuma o disco “Sub Raça”, do Câmbio Negro, foi o disco mais importante pra minha vida e para minha caminhada no Rap. Aliás, foi o primeiro disco que decorei de ponta a ponta. Cantava todas as letras do álbum – que ganhei do meu irmão - de pulmão cheio.
Hoje, escuto a turma falando: “nossa, você viu aquele pesado do fulano de tal?”. Cara, quem fala isso nunca ouviu algo pesado de verdade, como o “Sub Raça”. É um dos mais clássicos discos de Rap já lançados no Brasil e poucos conhecem. Uma mistura clara, típica dos anos 1990, de Rock e Funk com Rap.
Regado a muito scratch e rimas pesadas (literalmente), X e Jamaica falam da Ceilândia, do hip hop brasiliense e dos problemas enfrentados pela juventude negra brasileira.
Lançado em 1993, pela Discovery, o disco tem produção e mixagem do mestre DJ Raffa, que, ao lado de X e Jamaica, conseguiu trazer para o álbum alguns dos melhores samples e clássicos da música. Curioso? Ouça o Disco!
Se liga nesse trecho de Bala Perdida:
“Curto muito o Hip Hop
Gosto de me distrair,
Quase que tudo que sei
Aprendi foi por ai”
O destaque do disco é a faixa que dá nome ao play: Sub Raça. Mano, aquele refrão “sub-raça é a puta que pariu” é, desculpe o termo, foda. Na música X fala do orgulho da negritude e também da raiz africana de quase todos os brasileiros, e denúncia o racismo, desmascarando o ainda vivo mito da “democracia racial”.
Trecho de Sub Raça:
“Somos constantemente assediados pelo racismo cruel
Bem pior que fel é o amargo de engolir um sapo
Só por ser preto isso é fato
O valor da própria cor
Não se aprende em faculdades ou colégios
E ser negro nunca foi um defeito
Será sempre um privilégio
Privilégio de pertencer a uma raça
Que com o próprio sangue construiu o Brasil”
Indico que ouçam todo o álbum, que é um relato verdadeiro da qualidade, das ideias, das verdades, dos desafios e da intensidade do Rap dos anos 1990!
Muito amor ao Câmbio Negro!!!
Vamos ouvir algumas do play? Noiz.
Câmbio Negro - Sub-Raça
Câmbio Negro - Dê-nos Ouvidos
Câmbio Negro - Cadaver Ambulante