O sucesso fulminante do segundo disco de estúdio do Nirvana, o "Nevermind", lançado em 1991, fez os olhinhos dos executivos da Geffen brilharem. Os caras da gravadora, para aproveitar a popularidade descomunal que a banda alcançara, queriam que o terceiro disco de estúdio, o “In Utero”, fosse lançado ainda em 1992 para, é claro, lucrar mais alguns milhões de dólares.
Mas, como todos podem imaginar, convencer Kurt Cobain, que não era lá muito de dar atenção aos apelos comerciais, a correr pra gravar um disco não era uma tarefa fácil. A banda seguia em estúdio, e o "In Utero", que seria seu próximo álbum, ainda estava em fase inicial de gravação.
Para re$olver este problema a gravadora decidiu lançar uma coletânea com gravações raras da banda, feitas entre 1988 e 1991. O álbum ganhou o nome de "Incesticide" e foi, sem sombra de dúvida, o CD caça-níquel mais honesto da história da indústria cultural.
O "Incesticide" é confuso, denso e profundo. Tem a cara dos pais do grunge, com guitarras distorcidas e desafinadas, letras pesadas e músicas realmente estranhas pra quem se acostumou a ouvir o "Nevermind" - aquela bomba pop que foi capaz de tirar ninguém menos que Michel Jackson do primeiro lugar da parada americana.
O interessante é que, além de fazer dinheiro pra gravadora, o "Incesticide", paradoxalmente, também serviu como um grito do Nirvana contra o rótulo de pop que a banda carregou após alcançar o topo do sucesso. As faixas mais tocadas do álbum foram "Sliver", "Dive" e "Aneurysm" - as mais normalzinhas. Agora, se quiser um pouco de Nirvana em seu mais puro estado, sugiro a caótica "Hairspray Queen":