45 anos de Ipanema Beat, uma pérola rara de Rosinha de Valença

Disco mais importante da guitarrista brasileira é desconhecido no país e aclamado lá fora

Durante sua longa carreira, a instrumentista acompanhou grandes nomes da música mundial, como o saxofonista norte-americano Stan Getz

Em 1970, a guitarrista brasileira Rosinha de Valença foi à África do Sul, onde gravou a pérola “Rosinha de Valença apresenta Ipanema Beat” – que reúne versões apimentadas de clássicos da música mundial como Mercy, Mercy, de Joe Zawinul, e Whiter shade of pale, da banda inglesa Procol Harum, além de composições fantásticas da instrumentista como Rosinha’s Mood e Bossa na Praia.

Em Ipanema Beat, Rosinha de Valença destila seus solos de guitarra tortos e dissonantes, hipnotizando os ouvintes com uma música que é, ao mesmo tempo, complexa e gostosa de se ouvir. Quem comanda o hammond insano do disco é o britânico Duncan MacKay, que na época tinha apenas 19 anos e roubou a cena com sua rítmica contagiante, dando alma ao álbum; já na cozinha, o baterista Hilton Leite e o baixista Bernardo Bernstein, ambos brasileiros, deram fluidez à vibe positiva das músicas, com classe e sofisticação.

Rosinha de Valença está naquela casta de artistas brasileiros que são reconhecidos internacionalmente, mas tratados com desprezo pela mídia de massa nacional e, mesmo entre os músicos e instrumentistas, pouco conhecida. É estranho notar que enquanto ouvimos músicas instrumentais estadunidenses de baixa qualidade em algumas baladinhas pseudocults de São Paulo, obras como Ipanema Beat são ignoradas pela maior parte dos DJs. Bom, mas vamos em frente, pelo menos aqui no Moozyca você pode ouvir Rosinha de Valença, e sua incrível banda formada em solo sul-africano, tocando Bossa na Praia, música composta por ela:

Além deste disco, que fez 45 anos em 2015, e é meu favorito da instrumentista, ela também lançou os álbuns “Apresentando Rosinha de Valença”, de 1963, “Rosinha de Valença ao vivo”, de 1966, “Rosinha de Valença”, de 1973, “Um violão em primeiro plano”, de 1971, “Rosinha de Valença e banda ao vivo”, de 1975, “Cheiro de mato”, de 1976, “Sivuca e Rosinha de Valença ao vivo”, de 1977, e “Violões em dois estilos - Rosinha de Valença e Waltel Blanco”, de 1980.

Também participou dos álbuns de Sérgio Mendes “In person at El Matador - Sergio Mendes & Brasil' 65” e “Brasil' 65- Wanda de Sah featuring - The Sergio Mendes Trio”, ambos lançados em 1965 nos Estados Unidos. Rosinha, que na verdade se chamava Maria Rosa Canellas, recebeu a alcunha de Valença em referência à cidade onde nasceu, que fica no estado do Rio de Janeiro. Durante sua longa carreira, a instrumentista acompanhou grandes nomes da música mundial, como o saxofonista norte-americano Stan Getz, em turnês por Estados Unidos, Europa e África, nas décadas de 1960 e 1970 – quando também tocou ao lado dos principais nomes da música brasileira.

Rosinha de Valença morreu em 2004 após passar 12 anos em coma.

Rosinha, o Moozyca te ama! ❤

Pra finalizar, vamos de Rosinha’s mood:

Ops, quase esqueci... lá vão as faixas de “Rosinha de Valença apresenta Ipanema Beat”:

1 Mercy, mercy
2 Je t'aime
3 "T" Bone steak
4 Sunshine superman
5 Bossa na praia
6 Rosinha's mood
7 Forever yet young
8 Siiting
9 Whiter shade of pale
10 Isolda Natalia

ps: pode procurar no Spotify, no Google Play e na Apple Music, que tem :-D

ps 2: ela cantava às vezes também. Dá uma olhada nesse vídeo:

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