Mariella Santiago lança segundo álbum

"Ella" traz influências de funk, soul, samba e jazz

A musa do jazz na Bahia, Mariella Santiago, lançou recentemente o seu segundo álbum, Ella. No novo trabalho, a cantora traz uma pegada mais pop, acessível ao grande público, mas com um bom trabalho de arranjos e letras.

Produzido pela própria cantora em parceria com o paulista radicado na Bahia, Beto Neves, Ella parece marcar um ótimo momento na carreira de Mariella, que em dezembro último foi anunciada pelo selo Natura Musical como uma das contempladas do Edital Bahia para o ano de 2015. Pelo Natura, Mariella vai gravar um DVD ao vivo e fazer turnê por algumas capitais (Rio, BH, São Luis) e cidades do interior.

De sonoridade limpa, cristalina - o que casa muito bem com a voz afinadíssima de Mariella - o álbum desce redondo, intercalando funk, soul, samba e jazz soft - tudo sem soar muito experimental ou hermético. Enfim, se as rádios locais ainda se prestassem a tocar música nova e interessante, Mariella estaria pronta para invadi-las. "Fiquei muito contente com esse disco", afirma a cantora.

"É um trabalho que eu escuto muito – e esse é o primeiro sinal de que aquilo que pensamos a gente conseguiu expressar, passar o sentimento, as letras, todo o imaginário, as ideias, as histórias", acrescenta.

Com 15 faixas, Ella traz onze da própria Mariella, à exceção de algumas parcerias, como Calunga Exuberante (Chico César, com quem canta em dueto) e mais duas: Pássaro de Clareira e Hoje, com o guitarrista Pascal Heranval. As outras são releituras de Que Beleza (Tim Maia), Fala Só de Amor (Edson Gomes), Obalalá (João Gilberto) e Batuquinho (do seu irmão, o percussionista Gilberto Santiago).

Ao longo do disco, transparece uma constante na carreira de Mariella: a busca pela transcendência e pela ancestralidade - embalada em uma abordagem sempre moderna, pra frente.

"É verdade. Sempre me impressiona como a música tem um lugar ritualístico, transcendente. Até involuntariamente, eu busco a música de forma ritual na minha vida", afirma. E completa: "Ok, música hoje é ringtone de celular, mas já passamos por tudo isso. A música é ritualística por excelência, tem esse lugar na vida  das pessoas".

Para Mariella, Ella teve essa propriedade: "Tem várias canções compostas a partir de situações da vida. Uma vez que a gente grava, ela serve para outras pessoas, é uma polaroide daquele momento, daquele estado de alma", observa.

"Eu insisto muito na música com essa função. Muito se fala na função política ou de mero entretenimento (da música), mas para mim é transcendência. Algo diferente do cotidiano tem de acontecer", reivindica.

Um exemplo claro disso está na faixa Saudação, em que ela fala da capoeira e de Mestre Pastinha, casando com trechos de Que Beleza (Tim Maia) e falas sampleadas de Glauber Rocha. "Ella fala dessa filosofia de buscar algo tão poderoso que rompe situações de opressão e transformam a realidade. Como é a capoeira, que é de uma beleza tão extrema e absoluta, que rompeu sentimentos de ódio e opressão", acredita.

 

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