Do Texas para o mundo: Snarky Puppy é a banda de fusion da década

Banda norte-americana mistura baião, jazz, funk, rap e minimal em seu último álbum "We Like It Here"

Formada em Denton, no Texas, em 2004, o grupo ganhou a cidade de Nova Iorque

O brasileiro faz baião como ninguém, certo? Eu diria que, às vezes sim, às vezes não. Parece que há um pensamento purista que afirma que a nossa criatividade regional é inesgotável, suprema e insuperável. Acontece que, na prática, muitas grupos sofrem de limitação, ficando encerrados em certos cacoetes musicais e de alguns compositores, sem se dar a chance de experimentar, explorar o sincretismo regional mais complexo com influências mais abrangentes.

É preciso admitir que a antropofagia artística não é um fenômeno brasileiro, mas sim humano. Isso quer dizer que, assim como nossos músicos digerem a cultura do exterior e a vomita com outro sabor, muitos compositores estrangeiros sugam os sucos dessa terra tupiniquim e produzem coisas radiantes. Um exemplo recente disso é o último álbum da banda norte-americana Snarky Puppy, que faz um fusion bastante sofisticado à base de influências globais.

Em seu último álbum, intitulado "We Like It Here" – um dos melhores do gênero, em 2014 –, Snarky Puppy mostra que as fronteiras da música são realmente inaudíveis. Com oito faixas bem versadas e produzidas, o álbum traz um som visceral e orgânico, fundindo sons regionais com bases de funk, jazz, rap, rock e minimal. No entanto, existem algumas músicas que realmente se destacam. Esse é o caso da sétima faixa, "Tio Macaco", uma das composições mais diferentes da banda.

A música mescla influências de baião e outros ritmos brasileiros, jazz e funk, começando com a pegada forte do triângulo, a bateria com a síncope da zabumba, o naipe de sopros e as palmas. O baixo segura o groove junto à harmonia ácida do piano elétrico, fazendo a cama para os solos de improviso de saxofones, trompetes e flauta transversal. No final, quem brilham são os três percussionistas da formação, que incorporam os ritmos africanos, finalizando em um break “a la Olodum”.

Além de “Tio Macaco”, o álbum é marcado pela música “Lingus”, uma verdadeira verborragia jazzística, dotada de um grande equilíbrio entre técnica e discurso musical. Essa música apresenta um dos solos de teclado mais incríveis de Cory Henry na banda. “Jambone” é outro destaque. Com influência rítmica e melódica latina e africana, o som apresenta um impressionante solo de guitarra de Mark Lettieri.

Formada em Denton, no Texas, em 2004, o grupo ganhou a cidade de Nova Iorque. A banda apresenta um coletivo que chega a cerca de 35 músicos, que são conhecidos como "The Fam" em suas gravações e turnês. Os músicos tocam uma variedade de instrumentos, incluindo guitarras, pianos, teclados, sopros, metais, percussão e cordas. O time do Brooklyn é liderado pelo baixista, compositor e produtor musical Michael League. Muitos dos membros atuais e antigos da banda já foram alunos da University of North Texas.

Além da genialidade, a banda é extremamente ágil em sua produção. Dos mais novos para os mais antigos, os álbuns da banda são: We Like It Here (2014); Family Dinner - Volume One (2013); Amkeni w/ Bukuru Celestin (2013); groundUP (2012); Tell Your Friends (2010); Bring Us the Bright (2008); The World Is Getting Smaller (2007); The Only Constant (2006).

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