Tom Zé é o único brasileiro a entrar no ranking da Pitchfork

Música "Nave Maria" é eleita uma das melhores dos anos 1980

Eu sei, eu sei. Você deve estar se perguntando: por quê??? Por que apenas o Tom Zé entrou na lista da Pitchfork? Bom, diversos chutes podem ser dados, mas sabemos que a Pitchfork é bastante exigente e não gosta de som coxinha, digamos assim... E de coxinha o quase oitentão baiano nunca poderá ser acusado. Pelo contrário, o seu grau de doidêra é bastante satisfatório. Segundo o autor da crítica da Pitchfork, Jazz Monroe, "qualquer um que ficar embasbacado não precisa traduzir a letra, que são puros dadaísmos" - "um orgasmo invertido".

O músico brasileiro, conhecido pela sua genialidade, letras contundentes e viscerais e polêmicas no mundo musical, entrou na lista das 200 melhores músicas dos anos 1980 do site norte-americano especializado em som. A música "Nave Maria", de 1984, ficou em 199º lugar.

É realmente um puta som a "Nave Maria" do Tom Zé! Quem ouviu sabe... Quem não ouviu basta dar uma escutada no player abaixo. E depois me diga se não vale estar na lista da Pitchfork, liderada por Prince, com "Purple Rain" (1984), e Michael Jackson, com "Wanna Be Startin' Something", do álbum "Thriller" (1983). A lista completa pode ser vista aqui.

E “Nave Maria”, que dá nome ao álbum, é apenas uma das pérolas, seguida por “Mamar no Mundo”, “Su Su Menino Mandu”, “Cilindrada”, “Identificação” – e assim vai...

O site citou a importância da Tropicália, que "casou sons exuberantes e tradicionais do Brasil com uma postura rock'n'roll", traduzindo a "violência política e a inquietação social dos anos 1960".

"Quando a Tropicália perdeu a guerra [contra a 'globarbarização'], Tom Zé caiu no experimentalismo e, em 1984, lançou um revelador opus elétrico chamado 'Nave Maria. O disco encalhou e ele, chateado e falido demais para continuar, até pensou em trabalhar no posto de gasolina de seu irmão", escreveu o crítico.

Projeção internacional

E talvez tenha sido nos anos 1980 que Tom Zé tenha ganhado repercussão mundial pela sua música. Outro disco seu, “Estudando o Samba”, foi ouvido pelo multiartista David Byrne, ex-Talking Heads, que perguntou por telefone a Arto Lindsay: “Que país é esse, que tem um artista assim e que tão poucos conhecem?”.

A compilação ‘The Best of Tom Zé”, da gravadora de Byrne, foi o único álbum brasileiro a figurar entre os dez discos mais importantes da década nos E.U.A. Tom Zé passou a ser mais ouvido no Brasil e seu extraordinário desempenho no palco repercutiu no País e nas turnês européias e americanas. Em Londres por exemplo, no Barbican Festival, foi o sucesso de público do festival que contou com Stockhausen, Werner Herzog e Enio Morricone.

Em 1998 lançou “Com Defeito de Fabricação”, disco que fala sobre o homem do Terceiro Mundo, listado entre os dez mais importantes do ano pelo The New York Times. No mesmo ano ganhou o prêmio da APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte).

 

Inscreva-se no Moozyca

Leia também
Notice: Array to string conversion in /home/u377719025/domains/moozyca.com/public_html/pages/artigo.php on line 95

Notice: Array to string conversion in /home/u377719025/domains/moozyca.com/public_html/pages/artigo.php on line 98

35 anos sem Vinicius de Moraes

Criador da música por biocomputador revela obra exclusiva ao Moozyca

“Quero a música do oprimido”, afirma DJ Mukambo de Bruxelas

O baile jamaicano-tupiniquim da OBMJ

Tropical Diáspora: a difusão da música afro-americana em Berlim dos anos 90

O guitarrista mais rápido do oeste

DJ Tahira fala sobre a festa eclética Moodz e referências europeias

Sabia que o kuduro pode ter sido inspirado em Van Damme?


Inscreva-se no Moozyca