Teclas no Choro é o novo álbum do vibrafonista Ricardo Valverde

Vibrafone ganha destaque na música popular brasileira

Instrumento de início associado à cena musical erudita, o vibrafone logo foi inserido no universo da música popular ao longo do século XX. Mas poucas vezes ganhou tanto relevo na música do Brasil quanto no disco ‘Teclas no choro’, de Ricardo Valverde, vibrafonista de origem baiana. Recém-lançado pelo selo CPC-Umes, o CD expõe o vibrafone com o destaque habitualmente reservado, no universo do choro, ao violão de sete cordas, ao bandolim e ao cavaquinho.

Produzido pelo próprio Ricardo Valverde, em parceria com André Salmeron, o CD evidencia a refinada técnica do músico, mas sem exibições gratuitas de virtuosismo. O vibrafone sobressai naturalmente nos arranjos de Silvia Goes. Basta ouvir as abordagens dos dois temas do pioneiro compositor carioca Ernesto Nazareth (1863 — 1934) incluídos no disco. ‘Atlântico’ e ‘Ameno Resedá’ — temas publicados em 1921 e 1913, como ‘tango brasileiro’ e como polca, respectivamente — conservam , no toque de Valverde, a vivacidade típica do choro. O que reitera que o choro é, mais do que um gênero, uma forma de tocar.

Dedicado por Valverde a Bia Góes, creditada como produtora artística na ficha técnica do CD, ‘Teclas no choro’ junta o vibrafone do músico a um trio formado por Silvia Goes (teclados), Pepa D’Lia (bateria) e Ivani Sabino (baixo). O quarteto não joga nota fora e tampouco abusa da liberdade de improviso do jazz. Mas há jazz entranhado no choro ‘Eu quero é sossego’, parceria de Hianto de Almeida com o saxofonista, clarinetista e maestro K-Ximbinho (1917 — 1980). Outra faixa do disco, ‘Arabiando’ (Esmeraldino Salles), também tem passagens de tom ‘jazzy’. Já ‘Sonhando’, mais uma música do lendário K-Ximbinho (no caso, em parceria com Del Loro), soa impregnada de lirismo na gravação de Valverde.

O repertório de ‘Teclas no choro’ alinha músicas dos principais compositores do gênero (Altamiro Carrrilho, Pixinguinha, Jacob do Bandolim). Mas tudo acaba em samba, ‘Bola Preta’, no disco em que brilha um vibrafone ‘chorão’.

Confira um pouco do trabalho de Ricardo Valverde:

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